O folato é um membro da família da vitamina B e encontra-se nos alimentos de origem vegetal, principalmente nas verduras. Faz parte do processo de metilação do ADN que, basicamente liga e desliga os genes. O papel que o folato desempenha é muito importante para o desenvolvimento fetal e para a robustez do tecido nervoso.
Devido ao papel tão importante do folato no processamento do ADN e no desenvolvimento humano, é recomendado às mulheres que tomem ácido fólico como suplemento pré-natal e durante a gravidez, de modo a evitar malformações do tubo neural.
O problema é que o ácido fólico não é o folato que se encontra nos alimentos!
Aliás, o ácido fólico não se encontra, de todo, nos alimentos naturais. O que se usa como ingrediente nos suplementos vitamínicos é a forma sintética de folato que se chama ácido fólico.
Nos Estados Unidos e no Canadá, o ácido fólico é adicionado a quase todos os produtos de cereais enriquecidos e refinados, como o pão, o arroz e a massa, com o intuito de tentar substituir os nutrientes que se perdem no processo de transformação das farinhas.
Uma vez que o ácido fólico é adicionado a tantos produtos como os cereais refinados, não é difícil que uma alimentação normal, em conjunto com um multivitamínico, acabe por possuir níveis elevados de ácido fólico. Se o excesso de folato obtido a partir de alimentos não processados não constitui fator de preocupação, o mesmo já não acontece com a forma sintética.
Os cientistas desconhecem ainda as implicações do ácido fólico sintético na sua forma circulante, mas há cada vez mais indícios a sugerir que a toma de suplementos de ácido fólico aumenta a ocorrência de terminados cancros.
Alguns estudos recentes demonstraram problemas significativos relacionados com a toma do ácido fólico:
• Um estudo realizado durante 30 anos, e que seguiu mulheres que tomavam suplementos de ácido fólico durante a gravidez, revelou que estas tinham o dobro das probabilidades de morrer de cancro da mama em relação àquelas que não faziam a suplementação.
• Um outro estudo, efetuado com mulheres durante dez anos, concluiu que aquelas que tomavam multivitamínicos (com ácido fólico incluído) revelaram um risco acrescido de cancro entre os 20 e os 30%.
• A suplementação de ácido fólico em mulheres grávidas foi associada a uma maior incidência (no feto) de asma, infeções respiratórias e malformações cardíacas de nascença.
• Os homens que tomaram ácido fólico durante mais de três anos revelaram um aumento de 35% de risco de cancro no cólon e no reto e adenomas pré-cancerígenos no cólon e no reto, segundo uma meta-análise de vários ensaios clínicos controlados e aleatórios.
Ao contrário do que se passa com os suplementos de ácido fólico, os níveis elevados de folato contido nos alimentos estão associados a uma menor incidência de cancro da mama e de cancro da próstata. Para além disto, ao conseguirmos o folato a partir dos produtos de origem vegetal, obtemos milhares de outros nutrientes benéficos que combatem o cancro!
Todas as mulheres que engravidam estão conscientes da necessidade da toma de ácido fólico, aquilo que desconhecem é que ingerir os alimentos ricos em folato deverá ser a medida a adotar.
As autoridades de saúde deviam fazer prevalecer a ideia de que as mulheres grávidas devem comer muitas verduras e leguminosas todos os dias.
O que acontece hoje em dia (em que a norma é as mulheres tomarem um comprimido em vez de se alimentarem com alimentos verdadeiros) é uma miríade de problemas de saúde graves nas crianças: asma, infeções do trato respiratório e malformações cardíacas de nascença.
Por outro lado, os filhos das mulheres que consumiram mais folato proveniente de alimentos, durante a gravidez tinham menos probabilidades de desenvolver a Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA). Mais incrível ainda é a diminuição de cancros infantis que se verificaram nos filhos das mulheres que consumiram folato de verduras durante a gravidez e não tomaram os suplementos de ácido fólico.
A obtenção de folato em quantidades suficientes a partir de alimentos não processados previne o surgimento de cancros, através da reparação de erros de ADN mas o ácido fólico parece alimentar o desenvolvimento de tumores e promover a angiogénese.
De acordo com as investigações acima referidas, o ideal será não incluir o ácido fólico nas vitaminas e multivitaminas pré-natais.
O folato existe em grande abundância em quase todas as verduras. Não temos necessidade de ingerir suplementos de ácido fólico para satisfazer as nossas carências diárias de folato.
Aqui encontramos em microgramas o folato que precisamos:
• Espargos (1,5 chávena de espargos cozidos) – 402
• Lentilhas (1 chávena de lentilhas cozidas) – 358
• Brócolos (2 chávenas de brócolos cozidos) – 337
• Grão de Bico (1 chávena de grão-de-bico cozido) – 282
• Feijão azuki (1 chávena de feijão azuki cozido) – 278
• Alface frisada (3 chávenas) – 192
• Couve-de-bruxelas (2 chávenas de couve-de bruxelas cozidas) – 187
• Espinafres (3 chávenas) – 175
Uma alimentação que inclua um consumo regular de verduras constitui a maneira mais segura de proteger os bebés e alcançar a proteção contra o cancro, as doenças cardíacas e o risco de mortalidade por todo o tipo de causas.
Naturopata Cátia Antunes